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A PEA E A Distribuição de Renda no Brasil [Contexto 2008-2010]



A PEA no Brasil distribui-se de maneira bastante irregular. Os gráficos demonstraram que uma parcela significativa da PEA (17,4%) trabalha em atividades agrícolas o que retrata o atraso e parte da agricultura brasileira. Embora esse número tivesse diminuindo graças à modernização e à mecanização agrícola em algumas localidades , nas regiões mais pobres do país a agricultura foi praticada de forma tradicional e ocupava muita a mão de obra. O setor industrial brasileiro, incluindo a construção civil , absorve 22,6% da PEA, valor comparável ao de países desenvolvidos. A partir da abertura econômica que se iniciou na década de 1990 houve grande modernização do parque industrial brasileiro e algumas empresas dos setores petroquímicos , extrativo mineral, siderúrgico , máquinas e equipamentos , construção civil , aeronáutico , entre outros , ganharam projeção internacional. Hoje no Brasil, possui multinacionais como a Petrobrás , a Vale , a Gerdau , a WEG , a Odebrecht e a Embraer, atuando respectivamente nesses setores. Já as atividades terciárias apresentam mais problemas , por englobar os maiores níveis de subemprego. No Brasil , 59,7% da PEA exerce atividades terciárias. No entanto, na maioria das vezes , essas pessoas estão apenas em busca de sobrevivência, de complementação da renda familiar , ou tentando "driblar" o desemprego em atividades informais , como a de camelô, guardador de veículos nas ruas ou vendedor ambulante , entre outros. Mesmo no setor formal de serviços (como escolas , hospitais , repartições públicas , transportes etc.), as condições de trabalho e nível de renda são muito contrastantes: Há instituições avançadas em termos tecnológicos e administrativos ao lado de outras bastante atrasadas. Por exemplo, ao compararmos o ensino oferecido nas escolas , seja pública ou privada , de qualquer nível , percebemos grandes diferenças em termos de qualidade. Quanto à composição da PEA por gênero , nota-se certa desproporção em 2008: 42,4% dos trabalhadores eram do sexo feminino. Nos países desenvolvidos a participação é mais igualitária ,com índices próximos a 50%¨. O aumento da participação feminina na PEA ganhou grande impulso com os movimentos feministas das décadas de 1970 e 1980 , que passaram a reivindicar igualdade e gênero no mercado de trabalho, nas atividades políticas e demais esferas da vida social. Além disso , a perda de poder aquisitivo dos salários em geral fez com que as mulheres cada vez mais entrassem no mercado de trabalho para complementar a renda familiar. As mulheres, muitas vezes , sujeitam-se a salários menores que os dos homens, mesmo quando exercem função idêntica ,como o mesmo nível de qualificação e na mesma empresa. Embora ainda seja minoritária , isso tem feito com que parte dos empresários prefira a mão de obra feminina. Observe que o número de mulheres no mercado de trabalho é maior somente na faixa de até um salário mínimo e dos que não têm rendimento ; nas demais faixas os homens predominam. Quanto a distribuição de renda, o Brasil apresenta um dos piores índices do mundo. As tabelas já mostraram que a participação dos mais pobres na renda nacional é muito pequena e a dos mais ricos é muito expressiva. Esse mecanismo de concentração de renda, com resultados perversos para a maioria da população , foi construído principalmente no processo inflacionário de preços. Como vimos, os reajustes da inflação nunca foram totalmente repassados aos salários. Além disso, no sistema tributário brasileiro a carga de impostos indiretos (como ICMS, IPI e ISS) , que não distinguem faixa de renda, chega a 50% da arrecadação. Naquele período , sucessivos governos agravaram o processo de concentração de renda ao aplicar seus recursos em benefício de setores ou atividades privadas , em detrimento dos investimentos em educação , saúde , transporte coletivo , habitação , saneamento e outros serviços públicos. Entretanto, como podemos observar , embora a participação dos mais pobres na renda nacional ainda seja muito baixa , o índice vem apresentando lenta melhora, Com o Plano Real e os programas assistenciais, os mais pobres vêm lentamente aumentando sua participação na renda nacional.