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A Sociologia Nos Estados Unidos da América



O desenvolvimento da Sociologia nos Estados Unidos ocorreu quase simultaneamente ao desenvolvimento dessa ciência na França e na Alemanha, e resultou numa produção que tem grande influência no mundo todo. Podem-se atribuir duas características gerais à Sociologia estadunidense : a manifestação de pouco interesse , em seu período inicial, pelas grandes discussões teóricas , priorizando-se a busca de soluções para os problemas existentes na sociedade pela pesquisa aplicada , e a presença nas atividades universitárias do financiamento privado (Fundação Rockefeller, comitês e associações normalmente religiosas) paralelamente ao do Estado. No contexto em que a Sociologia começou a se desenvolver , na última parte do século XIX, os Estados Unidos estavam em franco desenvolvimento industrial, com um crescimento econômico e urbano significativo. Nesse período houve um forte movimento imigratório, principalmente , de populações europeias. Assim, as principais cidades passaram a ser espaços de conflito e de muitas preocupações. Temas como imigração , comportamentos desviantes, aculturação ou conflitos étnicos e políticas públicas tiveram presença importante na Sociologia desenvolvida inicialmente nesse país. Em 1892, a Universidade de Chicago foi fundada graças a financiamento privado (Fundação Rockefeller), e nela o primeiro departamento de Sociologia, sob direção de Albion Small (1854-1926), determinou os passos iniciais dessa ciência nos Estados Unidos. Small foi fundamentalmente um grande professor e organizador. A universidade de Chicago , no início de seus trabalhos sociológicos , deu primazia à pesquisa de campo, isto é , à pesquisa empírica , procurando conhecer , pela observação direta, a dinâmica das relações sociais.   Desenvolveu uma forte tendência pragmatista e microssociológica que viria a ser conhecida como a Escola de Chicago, tendo como um dos expoentes William F. Ogburn (1886-1959) , que criou instrumentos estatísticos com finalidade prática. Vários autores participaram desse movimento . Entre os mais conhecidos podemos citar William I. Thomas (1863-1947) e Florian Znaniecki (1882-1958) , que desenvolveram uma pesquisa e a publicaram com o nome "O Camponês Polonês na Europa e nos Estados Unidos", de 1918 a 1921. Outros autores desenvolveram pesquisas sobre temas que evidenciavam a preocupação com os problemas existentes em Chicago e nas grandes cidades dos Estados Unidos (desorganização urbana, marginalidade social , alcoolismo, drogas, segregação racial e delinquência), estabelecendo uma relação entre a pesquisa sociológica e a intervenção dos organismos públicos. Alguns deles demonstravam preocupação com o que chamavam de ecologia humana em oposição à ecologia animal e vegetal. Na Universidade de Havard também existia essa preocupação. Um de seus expoentes foi Elton Mayo (1880-1949) , australiano de nascimento , que desenvolveu a Sociologia Industrial tendo como ponto de partida uma grande  pesquisa, realizada entre 1927 e 1932 , com os operários da Western Electric. Mayo procurou entender a influência das relações sociais na produtividade dos trabalhadores. Seu livro mais conhecido é "The Human Problems Of An Industrial Civilization" (Os problemas humanos de uma civilização industrial) , escrito em 1933. Na universidade de Columbia , em Nova York , Franklin Giddings (1855-1931) , por meio das pesquisas de comunidade (community social surveys), seguiu o que se fazia em Chicago , pois a situação urbana dos dois lugares era muito parecida. Posteriormente , essa tendência foi desenvolvida por Paul Lazarsfeld (1901-1976) , sociólogo alemão que imigrou para os Estados Unidos e desenvolveu metodologias quantitativas para analisar o comportamento dos habitantes do país , mediante o estudo dos meios de comunicação de massa , das escolhas eleitorais, das atitudes políticas e dos padrões de consumo.