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A Sociedade Escravista E O Fim Do Mundo


O Brasil do século  XIX constituía uma sociedade escravista. As principais formas de trabalho e os meios de acúmulo  de riquezas estavam ligados à  posse de escravos. Ter escravos era um dos grandes objetivos para muitos. Afinal, um senhor de escravos ficava dispensado dos trabalhos manuais, o que, na época,  era um sinal de poder e prestígio.  Além  do grande compromisso social com a escravidão  , até  meados do século XIX , o tráfico  de escravos era um dos negócios  mais lucrativos. Os principais traficantes da Bahia e do Rio de Janeiro , por exemplo, banqueiros , arrebatadores de impostos e dentistas de imóveis  urbanos. A elite brasileira estava tão  arraigada ao trabalho escravo, que o considerava indispensável  à  prosperidade econômica  do país.  No entanto, havia, desde a independência  , aqueles que, sob a influência  dos ideais iluministas, defendiam a extinção  da escravidão  em terras brasileiras. Essas vozes dissidentes , entretanto, não  representavam um grupo socioeconômico  suficientemente forte, capaz de se sobrepor à  influência  que os grandes fazendeiros e comerciantes exerciam sobre a corte Imperial. Essa situação  começou a mudar quando a Inglaterra , principal potência  da época  , alegando razões  humanitárias  , pressionou pelo fim do tráfico  de escravos. Ao desenvolvimento da economia britânica  , em plena Revolução  Industrial , interessava o aumento do consumo de bens manufaturados. A implantação  de uma mão  de obra assalariada poderia proporcioná-lo. De início,  os tratados de 1810 e 1826 , feitos sob influência  inglesa , não  surtiram grandes efeitos . Mais tarde , em 1831, foi aprovada uma lei que proibia o tráfico  de escravos no Brasil. Novamente, a lei " não  pegou" . Ao contrário  , a medida " para inglês  ver" resultou no aumento dos riscos e, por consequência, da rentabilidade do negócio.  De fato, houve um incremento no número  de desembarques. Em 1845, a Inglaterra aprovou o Bill Aberdeen , arrogando-se o direito de aprisionar quaisquer navios negreiros , ainda que no interior da Costa marítima brasileira. No Brasil , a medida foi considerada um desrespeito à soberania nacional e não  resolveu o problema de imediato. Mas, em 1850, cedendo às  pressões  externas e internas, a Assembléia  Geral votou a Lei Eusébio  de Queiróz,  que finalmente pôs  fim ao tráfico  de escravos para o Brasil. A partir daí,  a entrada de africanos , que havia aumentado  durante os primeiros anos do impérios,  caiu vertiginosamente , chegando a praticamente zero e elevando o preço do cativo internamente. Contudo, a abolição  definitiva do trabalho escravo demorou mais algumas décadas.